quarta-feira, setembro 06, 2006

Sempre trate bem as mulheres

Dormindo, escuto alguém batendo à porta. Finjo que não é comigo, apesar de ser a porta da casa onde moro. Quando a porta está quase caindo, só aí é que consigo acordar. Demoro mais um pouco para entender o que está acontecendo. O relógio marca quatro e quinze e a não ser que eu estivesse em outro país, não era hora de estar fora da cama.

Calço minhas chinelas e vou atender a pessoa muito mal-educada que não pára de bater. Pelo olho mágico reconheço Stuart. Abro a porta, xingo-o bastante e finalmente pergunto o que ele está fazendo ali. Ele diz que voltou a jogar poker. Perdeu muito e pegou dinheiro emprestado para tentar se recuperar. Perdeu mais. Agora uns brutamontes vieram cobrar a dívida. Stuart sempre foi um parasita safado. Mas meu amigo. Eu, por minha vez, sempre fui um sentimentalóide barato. Pior para mim.

Pergunto quanto ele precisa e ele diz "cinco paus". Pergunto até quando e ele diz "hoje". Onde vou arranjar cinco pilas para ele esta hora da noite? Na minha casa é que não ia ser, o aluguel estava tão atrasado que se houvesse algum lá dentro o inquilino já teria descoberto. Falo para Stuart que infelizmente não vou poder ajudá-lo. Está tarde e amanhã tenho aula de mandarim arcaico. Ele não acredita e começa a choramingar. Maldito seja Stuart e todos os seus antepassados e eventuais descendentes.

Minhas pantufas devem valer uns cinco paus, mas infelizmente, não tenho mil delas, é o que eu digo e ele não acha graça. Nem eu, para ser sincero. "Como é que você acha que eu arrumara cinco paus para você? Se eu tivesse como arrumar cinco paus já teria arrumado para mim!". Isso faz todo o sentido mas Stuart nunca se importou com o sentido das coisas. Era o início de uma longa, longa noite.

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